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Jorge Moraes

O novo Corolla, o freio de mão e o tubo de TV na central multimídia

Jorge Moraes

06/09/2019 07h00

A pergunta que aponta para um futuro bem próximo. O novo Corolla estará no topo dos carros que custam entre R$ 99 mil e R$ 130 mil no Brasil? Acredito e confesso que com a força da renovação visual e a entrega o melhor design de todas as gerações vai superar a marca em mais 60 dias dos 4,5 mil veículos prometidos como meta mensal.

Considere qualquer semelhança com o sedã Camry uma boa dose de elogio. Mas diante do novo híbrido flex e das suas versões dos andares de baixo estão dois pontos de discussão negativados por nove em cada dez internautas. A central multimídia com o "tubo de tv de série" e o freio de mão das antigas. De alavanca ainda. Pasmem! (inesperado).

O que dizer? A começar pela alavanca analógica posicionada ao lado do assento do motorista. Confesso que pouco me incomoda porque funciona e cumpre o que promete, mas diante de tanta eletrônica e modernidade quando se trata o mundo do futuro, sustentável e híbrido, ninguém esperava a peça. Não vou julgar aqui que apertar o botão é coisa de preguiçoso e entendo que é mais fácil, porém acredito que na meia vida do projeto, quem sabe lá na frente, os japoneses mais antigos, conservadores, não entram na era da modernidade e rompem de vez com a turma de custos (preços) e mudam esse quesito. Quanto custaria a mais? Inviabilizaria o preço do carro?

Alavanca do freio de mão

Multimídia

E quanto a tela de oito polegadas com botões esquisitos e um case (tubo) traseiro que remete a uma TV analógica. Ouvi de muita gente e de centenas de seguidores em nossas redes sociais. Vou defender? Não, mas tentarei explicar o que não me convenceu. Ouvi do vice-presidente da Toyota, Miguel Fonseca, que a montadora investiu R$ 1 bilhão na plataforma TNGA e mais R$ 600 milhões nas motorizações para viabilizar a produção do Corolla 2020 e com isso atender às expectativas de dois mercados. O local e o da exportação.

O VP explicou a UOL Carros as duas questões: "o carro foi feito em um dólar muito forte e precisamos incorporar muitos componentes importados pagos pela moeda estrangeira. Compensar itens por exemplo. O mercado de exportação é sensível ao preço e necessitamos mandar o Corolla para fora do país sem o multimídia porque é preciso montar o after market e, na estrutura de impostos eles penalizam a peça, por isso criamos um espaço atrás da tela para instalação de um acessório visando acomodar isso. Com essa estratégia conseguimos compensar o dólar e oferecer mais valor em tecnologia embarcada como o Toyota Safety Sense e suas quatro características".

E quanto a alavanca de freio? "Também é uma questão de custo para o mercado de exportação, mas podemos mudar isso em mais dois a três anos. Estudamos e não foi fácil decidir", declarou Miguel Fonseca, que reconhece. As decisões não agradaram a grande parte do público brasileiro.

Testei a central

A peça de desenho esquisito é de fácil manuseio e até que os botões frontais das antigas ajudam. Mesmo você acostumado com o touch. A justificativa da Toyota é de que o cliente dela exigiu as teclas (pudera porque a central do Corolla anterior não ajuda). O apelo da segurança para o manuseio do "rádio ou suas funções" enquanto você dirige também foi outro apelo. E os botões da tela auxiliam a favor do motorista que pode apertar pela intuição, no segundo momento, depois que se acostuma com o uso.

Na minha opinião foco declarado que o Corolla 2.0 flex ou o 1.8 híbrido flex vai continuar arrastando uma legião de fãs da boa idade. Mas a Toyota esqueceu de ousar nisso e pensar mais. Os mais idosos estão se transformando em senhores e senhoras digitais com smartphones e já deixaram para trás o telefone lanterninha aquele de teclas e display monocromático faz tempo. Ou estou errado? Me ajudem.

A central multimídia que funciona com Android Auto também está pronta para o Car Play e a sua atualização para o IOS13. Miguel Fonseca destacou o teste do item com a chegada do novo grafismo e funções da Apple: "vocês vão gostar".

O navegador é parte da conexão do seu telefone. Não existe o GPS de fábrica. E pouca gente usa. O 5G vai permitir o GPS em tempo real nos carros conectados sem que você precise do celular plugado, mas esse assunto é outro. A central Toyota ficou intuitiva e dá um banho no velho modelo.

O sistema é ligeiro e não tão rápido quanto o My link da Chevrolet ou o Sync 3 da Ford, mas entrega qualidade. Acredito que o design não é compatível com o painel e o que você vai achar estranho o fato de tudo ser muito moderno, mas o tubão não. A tela deveria ser flutuante e compor com elegância o rejuvenescido tabelier (lembram do nome do painel) do novo sedã.

 

Sobre o Autor

Jornalista, Jorge Moraes trabalha com o segmento automotivo desde 1994. Presente nos principais salões internacionais, é editor do caderno de Carros no Diário de Pernambuco, diretor e apresentador do programa Auto Motor na Band, e âncora do programa CBN Motor na rádio CBN Recife.