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Jorge Moraes

A picape Creta continua no papel e por enquanto é sonho

Jorge Moraes

19/09/2019 10h03

No túnel do tempo uma lembrança do Salão do Automóvel de São Paulo de 2017. Quem aqui lembra da picape conceito Creta STC? Vamos atualizar a história. Hoje, longe de se tornar realidade, a anti-Fiat Toro, seria um risco e tanto para a Hyundai do Brasil, sem contar o investimento astronômico no projeto e o limite da capacidade de produção da planta de Piracicaba. A montadora nem tão cedo vai tratar do assunto. A matemática do mercado não ajuda e os números não fecham para os sul-coreanos. O desafio do momento é surfar na onda dos novos HBs e entender como driblar uma legião de internautas que criticaram as primeiras imagens do HB20 hacth até mesmo durante o seu lançamento na noite da segunda-feira e durante a terça-feira.

A cor influencia na hora da largada? Sim e o vermelho, pela primeira vez não ajudou. Muito menos a posição, o ângulo da imagem e o destaque das lanternas e faróis. A intensidade das críticas, depois dos dois dias de convivência com os veículos foi perdendo força. Vi tudo de perto. Privilégio meu e de colegas que dedicaram horas de geração de conteúdo para explicar a parte mais difícil da "nova obra". A traseira e a dianteira disputando audiência, tentando sobreviver ao que chamo de ousadia do traço, da arquitetura. O UOL Carros mostrou bem isso.

Li em centenas de comentários, em minhas redes sociais, por exemplo, que o novo HB20 se parece, no comparativo visual, com uma série de automóveis combinados. As histórias virtuais misturam design de alguns veículos. Vamos lá: Ka das antigas na frente, Fiesta chorão, Focus, dianteira de DKW, 208, traseira de X1 com Picanto antigo. Já pensaram nisso? Para o sedã, a traseira do Peugeot 408 com a frente do Ka pareceu unanimidade. Quanto ao X, esse foi poupado das resenhas. Pelo menos até agora.

Mas o vice-presidente da empresa, Angel Martinez, parte para a defesa e argumenta com lógica que as pessoas vão mudar de ideia quando virem o carro na rua, nas lojas. A Hyundai ousou no design e não pensou duas vezes em tirar da linha de produção, na sexta-feira passada, a primeira geração do HB. Não existe espaço no parque e o volume de versões é dos grandes. Tanto no 1.0 de 80 cavalos com caixa manual quanto no 1.0 turbo de 120 cv e no 1.6 de 130 cv ambos automáticos. O carro parte de R$ 46.490.

Quanto ao futuro, Martinez diz que ainda é cedo para tratar qualquer que seja outro assunto a não ser a nova linha de produtos. É claro que sim porque a planta está no limite (ou quase lá) trabalhando três turnos até aos sábados. Não dá para tratar de um novo veículo em Piracicaba que produz 300 Cretas por dia e 650 HB20. O turno do sábado começa na madrugada, (1h) e termina às 6h da manhã. A empresa mantém uma relação saudável de fim de semana par seus colaboradores por isso a corrida da produção. Lembro que a estreia da nova linha HB será no dia 15 de outubro.

O quarto veículo

Uma picape demandaria investimento em nova planta. Expansão que no momento não agrada aos coreanos. Por algumas razões: o mercado de venda direta não enche os olhos da turma. Depois para construir um veículo desse porte tem que ter expertise forte entre veículos comerciais, motor a diesel no carro acima de uma tonelada e o 4X4 que deve ser considerado. "Os players estão fortes no segmento e por aqui ninguém sabe como a conta fecha com tanto desconto direto do fabricante para o cliente".

Mas o assunto foi engavetado? Acho que não e penso que 2021 está bem perto para quem sabe, com a "nova economia", o vento sopre a favor de todo mundo. Nos EUA, a Hyundai ingressa no segmento de picapes médias com a Santa Cruz. O projeto não deve parar por aí. Vamos ver.

 

Sobre o Autor

Jornalista, Jorge Moraes trabalha com o segmento automotivo desde 1994. Presente nos principais salões internacionais, é editor do caderno de Carros no Diário de Pernambuco, diretor e apresentador do programa Auto Motor na Band, e âncora do programa CBN Motor na rádio CBN Recife.