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Jorge Moraes

Quer comprar um carro turbo? Veja as opções do mercado e o que vai chegar

Jorge Moraes

09/03/2020 23h28

Os carros com motores turbinados estão dominando o mercado no Brasil. Se lá fora os híbridos e elétricos já são uma realidade, por aqui ainda estamos passando pelo processo de downsizing, que reduziu o tamanho dos propulsores visando a eficiência e a redução na emissão de poluentes. Mas como os carros não poderiam ficar menos potentes, a tecnologia entrou em campo para compensar essa equação. E o turbo é o denominador comum na fórmula das montadoras para entregar veículos com potência e eficiência. Já temos modelos turbinados em todos os segmentos do mercado nacional. De veículos de entrada aos SUVs, é possível encontrar um turbo que se encaixa no seu orçamento. E tem muita novidade para chegar nos próximos meses.

Chevrolet

Uma prova de que não é mais possível "sobreviver" no mercado brasileiro sem uma versão turbinada é que o carro mais vendido do país se rendeu ao turbo. O Onix 2020 adotou o motor 1.0 turbo de 116 cv nas versões hatch e sedã. E quem imaginou que isso elevaria muito o preço dos modelos se enganou. A Chevrolet conseguiu deixar os valores do Onix bem próximos dos da geração anterior. A primeira versão turbinada do hatch parte de R$ 58.090 e do sedã por R$ 61.250. Essa fórmula foi certeira: a montadora tem conseguido a façanha de fazer dobradinha nas primeiras posições de vendas. O fato de não ter injeção direta de combustível, que geralmente é associada ao turbo, parece não ter afetado a escolha dos consumidores.

Chevrolet Onix / Foto: Divulgação

A Chevrolet ainda tem outras opções turbinadas. Os médios Cruze sedã e Cruze Sport6 (ambos a partir de R$ 98.750) usam o motor 1.4 turbo de até 153 cv de potência. Esse mesmo motor equipava a Tracker até o ano passado. Mas o SUV compacto passará por profunda mudança e chega neste mês com opções de motorização 1.0 turbo de 116 cv e o novo 1.2 turbo de até R$ 133 cv. Especula-se que o modelo partirá de R$ 75 mil e chegue perto de R$ 115 mil na versão mais potente. O Equinox tem duas versões turbinadas, com motor 1.5 turbo de 172 cv (a partir de R$ 129.990) e o forte 2.0 de 262 cv por R$ 162.990.

Hyundai

O segundo lugar das vendas do ano passado também reativou a turbina. A Hyundai apresentou um novo motor turbo com injeção direta de combustível no HB20 e HB20S de segunda geração. O propulsor entrega 120 cv de potência máxima e se mostrou bem ágil nos testes que fizemos. Os preços das versões turbinadas partem de R$ 67.190 no hatch e R$ 71.790 no sedã. O problema é que o design adotado pelos sul-coreanos na nova geração dos compactos não agradou a muita gente e os modelos estão caindo tabela abaixo no ranking de vendas. A Hyundai, com a CAOA, oferece o motor 1.6 turbo (GDI) no New Tucson com 177 cv de potência e preço na casa dos R$ 137 mil.

Volkswagen

A Volkswagen é a montadora que mais apostou no turbo entre as marcas de grande volume. Ela possui hoje sete modelos com quatro opções de motorização turbinada e injeção direta de combustível (gasolina ou flex). Lembrando que não estamos citando nessa matéria os motores turbodiesel, que já estão no mercado nacional há muito mais tempo.

Motor 200 TSI equipa Polo, Virtus e T-Cross no Brasil

O modelo mais acessível com turbo na Volks é o Up! com motor 170 TSI 1.0 (R$ 54.890) que entrega 105 cv de potência e 17 kgfm de torque com câmbio manual de cinco velocidades. Na sequência vem o Polo a partir do Comfortline (R$ 71.560) com o 200 TSI 1.0 de 128 cv e 20,4 kgfm de torque com transmissão automática de seis marchas. O mesmo conjunto é compartilhado pelo Virtus a partir do Comfortline (R$ 78.590) e o T-Cross (R$ 84.990 MT e 94.490 AT). O 250 TSI 1.4 começa a aparecer nas versões esportivas do Polo GTS (R$ 99.470) e Virtus GTS (R$ 104.940). Ele entrega 150 cv de potência e 25,5 kgfm de torque sempre associado à transmissão AT6. Esse mesmo trem de força aparece na versão topo de linha do T-Cross Highline (R$ 109.990); em três versões de acabamento do sedã Jetta (a partir de R$ 99.990) e no SUV médio Tiguan Allspace (a partir de R$ 129.990).

O 350 TSI equipa Tiguan R-Line, Jetta GLI e Passat Highline

O motor 350 TSI 2.0 está presente na versão esportiva do Tiguan R-Line (R$ 187.990) com 220 cv de potência e 35,7 kgfm de torque com câmbio DSG de sete velocidades. No Jetta GLI (R$ 147.990), o mesmo motor entrega 230 cv e e 35,7 kgfm DSG de 6 marchas. No Passat Highline (R$ 164.620) o mesmo 350 TSI a gasolina tem 220 cv e DSG6.

FCA

A Fiat e a Jeep, principais marcas do grupo FCA no Brasil, ainda não entraram na onda dos carros de passeio nacionais turbinados flex ou só a gasolina. Mas isso vai mudar neste ano. O primeiro a receber a inovação será o Compass. O motor 1.3 turbo tem variantes de 150 cv e 180 cv e a mais potente chegará primeiro no SUV médio mais vendido do país. Isso deve ocorrer entre maio e junho, como linha 2021. No final do ano será a vez o Renegade receber a variante menos potente, com 150 cv para substituir o atual 1.8 flex de 139 cv. Vale lembrar que Compass e Renegade também vão oferecer versões híbridas plug-in, que provavelmente serão as topo de linha, acima até mesmo das turbodiesel.

Compass será o primeiro modelo da Jeep com motor turbo a gasolina

Já na Fiat, o motor 1.3 turbo deve chegar apenas na Toro no primeiro momento, mas ainda sem data definida. Os modelos menores, como nova Strada, Argo e Cronos devem receber o motor 1.0 turbo, mas nada esperado para esse ano.

Ford

A montadora do oval azul já não aposta mais no motor turbinado para os compactos no Brasil. Lá fora as versões 1.0 e 1.5 do Ecoboost vendem bastante, mas não deram as caras por aqui. O Fusion ainda oferece o bom motor Ecoboost 2.0 de 248 cv por a partir de R$ 149.900. Além dele apenas o Edge ST com o poderoso 2.7 Ecoboost biturbo de 335 cv de potência e 54 kgfm de torque. Para levar tudo isso é preciso pagar R$ 299 mil.

Ford Territory chega na metade do ano com motor turbo

O próximo lançamento da Ford no Brasil vai aumentar a oferta de motor turbo na marca. O SUV Territory chega nos próximos meses com o 1.5 turbo de 145 cv e câmbio CVT. Essa potência deve aumentar com a calibração para virar flex. Ele vai competir diretamente com o Compass entre os médios.

Renault, Peugeot e Citroën

A Renault não oferece modelos com motor turbo no Brasil, mas tem um bom trunfo para jogar neste ano. O Captur 2021 chega no segundo semestre com motor 1.3 turbo feito em parceria com a Mercedes-Benz. Na marca alemã, ele não é flex e entrega 163 cv de potência. A calibração francesa deve ser diferente e a transmissão CVT. No começo do próximo ano será a vez do Duster receber esse mesmo conjunto. Mas não espere versões turbinadas de Sandero, Logan ou Stepway.

Não foi dessa vez que o Duster recebeu motor turbo. Foto: Victor Eleutério / La Imagem / Renault

Na Peugeot a oferta de turbo está restrita aos SUVs e é sempre com o mesmo bom motor 1.6 THP de 173 cv. Ela começa no compacto 2008 Griffe por 103.490, passando pelo 3008 por R$ 174.990, até o 5008 por R$ 178.690. Mas a aposta da marca do leão ainda para este ano é a chegada do novo e aguardado 208, que trará o inédito motor 1.2 turbo de 130 cv, que vai disputar mercado nas versões mais caras diretamente com Polo 200 TSI.

Novo 208 terá motor 1.2 turbo nas versões mais caras

A Citroën segue a mesma linha de sua irmã Peugeot. A diferença é que ela ainda oferece o motor THP em seu sedã médio, o C4 Lounge por a partir de R$ 95.990. No exótico SUV C4 Cactus a motorização turbo aparece a partir da versão Shine por R$ 97.090. Não se fala da chegada do novo C3 por aqui com motor turbo. A tendência é que a marca invista mais em SUVs.

As japonesas

A Toyota pulou etapas no Brasil e não ofereceu motorização turbo para seus carros de passeio nacionais. Foi direto para os híbridos. Corolla Altis Hybrid e RAV4 Hybrid têm longa fila de espera no país. Parece que o turbo não fez falta.

A Honda apostou no turbo em seus dois modelos mais vendidos no país, o Civic e o HR-V, ambos na versão Touring com o motor 1.5 turbo de 173 cv. O sedã custa R$ 136.700 e o SUV R$ 139.900. No grande CR-V, essa motorização chega a 190 cv, mas o preço salta para R$ 194.900. No Civic SI conseguiram tirar incríveis 208 cv desse 1.5 turbo, mas cobram R$ 164.900 por essa ousadia de carro.

Honda Civic Touring tem motor 1.5 turbo

A Mitsubishi agora só trata de SUVs no Brasil e tem motorização turbo no Eclipse Cross com o 1.5 turbo de 165 cv, câmbio CVT e preço que parte de R$ 129.990. A expectativa é que o novo ASX, esperado para este ano, também chegue turbinado na nova geração, com o mesmo 1.5 do Eclipse.

Ainda não será neste ano que a Nissan entrará na onda dos turbinados no Brasil. O mais provável é que ocorra o mesmo que aconteceu com a Toyota: pular do aspirado para o híbrido. O novo Versa que chega em junho ou julho seguirá com motor aspirado 1.6, que terá mais potência, mas sem turbo. Já a segunda geração do seu best-seller, o Kicks, vai chegar em 2021 com motorização híbrida e-power, que une um motor 1.2 aspirado com um elétrico que garante um consumo de 30 km/l de combustível. Isso lá fora. Por aqui ele pode ficar até mais econômico, pois poderá ser acoplado a um motor 1.0 flex. É esperar para ver.

Chinesas

A CAOA Chery aposta muitas fichas em seu bom motor 1.5 turboflex de 150 cv. Ele equipa três de seus quatro modelos vendidos no Brasil. A sedã Arrizo 5 parte de R$ 74.590, o SUV compacto Tiggo 5X 2021 de R$ 91.990 e o Tiggo 7 por R$ 106.990. Neste ano chegará o tecnológico Tiggo 8 com o novo motor 1.6 turbo com injeção direta e bons 200 cv de potência.

Tiggo 8 chegará com motor 1.6 turbo de 200 cv

Na JAC, que vem apostando em modelos elétricos, o turbo está presente no SUV T60, que é puxado pelo 1.5 de 168 cv e câmbio CVT por a partir de R$ 101.990. Já o imponente T80 de sete lugares e motor 2.0 turbo de 210 cv por R$ 148.990.

Marcas premium

As montadoras chamadas de premium, como Audi, BMW, Mercedes, Volvo, Land Rover e tantas outras, já largaram mão do motor aspirado há muito tempo. Toda a linha dessas marcas é composta por motorizações turbinadas, a gasolina ou a diesel. Para estas, o próximo passo é a eletrificação de toda a linha, algo que o Brasil ainda está bem distante.

* Colaboração de Bruno Vasconcelos para o blog

Sobre o Autor

Jornalista, Jorge Moraes trabalha com o segmento automotivo desde 1994. Presente nos principais salões internacionais, é editor do caderno de Carros no Diário de Pernambuco, diretor e apresentador do programa Auto Motor na Band, e âncora do programa CBN Motor na rádio CBN Recife.